terça-feira, abril 18, 2006

Juventude (em nome da Amizade)


Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim
A cada lugar meu
Tento entender o rumo
Que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim
Protege o que eu te dou
Eu penso em ti
E dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas
Que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo
De naufragar

Fica em mim
Que hoje o tempo dói
Como se arrancassem
Tudo o que já foi
E até o que virá
E até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve para longe de nós
E um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça
Num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso
Me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo
De naufragar

Mafalda Veiga



É assim a juventude inebriante, em todas as suas tonalidades, na musicalidade das gargalhadas, cujos ecos se repercutem pelo resto da vida. É nestas memórias que a minha alma vai pousar quando o Outono da vida chegar, afastar as teias de aranha e o pó dos anos, sacudir-lhes a ternura, protegê-las das mágoas que a vida vai acumulando.
Neste momento dos nossos percursos, as incertezas são promessas de um futuro risonho, a insegurança é arrastada pela corrente das palavras e dos sorrisos, os medos e as mágoas têm a insignificância de graus de areia perdidos num deserto de sonhos. Ainda há tempo... Há sempre tempo... Para concretizarmos as nossas ambições loucas, os nossos segredos obscuros... Há tempo para mudarmos o mundo.
É esta a magia da vida... Os braços abertos, os sorrisos sinceros, os elogios espontâneos... É assim que vocês são, à parte as dores do mundo, e eu delicio-me na pureza da vossa entrega, na leveza dos vossos passos, na luminosidade dos laços que nos unem. A amizade agora é tão fácil, basta acreditar. E vocês acendem sóis na noite; no fascínio da ternura, lambem lágrimas à solidão; cantam e dançam os encontros e desencontros com a paixão de quem tem motivos para festejar. Somos D. Quixotes, de olhar preso no horizonte e os moinhos de vento fazem-nos rir, porque a vida é este momento, este em que estamos juntos e nada mais importa.
Nas minhas pegadas estão escritas as tardes ao sol, dissolvidas na placidez alegre da vida da vizinha e num refresco; as noites de futebol passadas entre um café e outro; os passeios junto ao mar, falando de estórias caladas pela nostalgia dos amores perdidos e de projectos de um amanhã que parece tão longínquo; os cafés fumegantes, os acordes de uma guitarra e uns pingos de chuva que testemunham romances nascidos para não se consumar; madrugadas alucinantes pelas ruas, braço dado, rumo à torpidez embriagada das tascas; manhãs que se levantam e nos apanham desprevenidos à saída de um bar qualquer, sem nos despedirmos da noite que passou; aulas partilhadas na solidariedade do cansaço e dos bilhetes trocados à socapa; sonos cúmplices; conversas esquecidas por entre o fumo de um cigarro... Pegadas que falam de vocês, das verdades que eu encontrei na simplicidade da vossa amizade.
É esta a minha juventude, que me faz adormecer de exaustão ao final do dia e acordar incondicionalmente com um sorriso no rosto. É este o sal dos nossos dias. Obrigada, meus queridos, por chegarem comigo “onde só chega quem não tem medo de naufragar”.

3 comentários:

Anónimo disse...

A juventude!

Anónimo disse...

És grande...adoro-te

Anónimo disse...

miga....miga....miga..... n tenho palavras pa te descrever...es sem duvida a mlhor pxoa k conheci ate hj......adrot mt mm

continua axim
es winda=)