domingo, outubro 01, 2006

Minha pequenina













Fotografia em www.fotolog.com/vanish_ladies

Uma e outra vez, mostra-me na palma das tuas mãos a alegria arrancada ao centro da Terra, desmanchando os meus moinhos de vento na tua gargalhada, rodopiando na minha cabeça como um louco carossel de cócegas. Vamos dividir o chocolate [ninguém está a ver] e lutar pela surpresa dentro do ovo; se depois me abraçares, semeando decalques das tuas mãos pequeninas na minha camisa, eu não vou reclamar. Deixa-me só entrar no teu mundo de faz-de-conta, rebolar no chão contigo, pincelando o ar de risos coloridos. Contigo vou dançar como um patinho e sentir-me uma princesa, ver todos os desenhos animados sem me preocupar se já quase sei os diálogos de côr e cantarolar a música da Floribella, tu tens na voz a alquimia que a transforma na mais bela para os meus ouvidos. Vou aprender o teu dialecto desconhecido e a tratar pelo nome uma dezena de bonecos iguais.
Quando te vens aninhar nas minhas pernas, achando o espaço exacto que tens no meu coração, sei que tudo está no seu devido lugar. Não há nada para além dos teus olhos em forma de lua a sorrirem nos meus. Dizes-me um segredo, tropeças no meu nome e rimo-nos, como se a vida não nos pudesse magoar. Passas os dedos no meu cabelo, deixando um rasto de estrelas, e eu encosto o meu rosto ao teu para sentir-lhe o cheiirinho a bébé. Em breve, terás adormecido, os teus braços à volta do meu pescoço, a tua vozinha dissolvendo-se num respirar profundo de satisfação. Apetece-me ficar ali contigo, só a ver-te dormir, sentindo os laços de ternura apertarem-se com força no meu peito, invadida pela Paz que inspiras, perguntando-me em que jardins encantados brincarás neste momento.
Há no teu jeito simples de criança uma qualquer magia que me apaga os problemas e desliga as preocupações. Na sabedoria do teu sorriso sincero há uma carícia que, como uma torrente de água fria descendo sobre o meu corpo, me acorda para a importância de estar só para ti, inteiramente para ti. Sacudo as sombras que trouxe nos ombros, dispo qualquer fragmento de tristeza esquecido no meu olhar, e abraço-te, sentindo-me infinitamente feliz por existires. Porque és tão pequena e já sabes a beleza do Amor, saiba eu dar-to sempre fresco e suculento, saboreado aos pedaços.