segunda-feira, junho 05, 2006

Still [nine]teen

E de repente eis que chega a inevitável passagem para o mundo dos adultos. Não, não é uma perspectiva dramática. Acaba-se o teen a finalizar os nossos actos, a desculpar os nossos erros, a preencher a nossa imaturidade. De um momento para o outro apercebemo-nos das expectativas com que a sociedade nos constrange e que não nos quer ver frustrar. Esvanece-se em nuvens fugidias de passado o tempo das birras e do conhecimento imprudente do mundo. E para mim... O que será que me espera agora? Serão estes os «loucos anos 20»? Será o desejado encontro comigo mesma, com aquilo que sou e que passei anos na arriscada demanda de descobrir?
Se chegou ao fim a idade dos porquês, porque é que ainda pontuo a minha vida com interrogações? E se eu não quiser crescer, se quiser continuar à procura da terra no nunca? As dúvidas multiplicam-se nas encruzilhadas, como se nada tivesse sido feito para ser compreendido. Ou serei eu, eternamente dividida entre o que sinto e o quero, o que acredito e o que espero, o que amo e o que odeio e tudo o que flutua nesse entremeio e não sei definir? Serei eu, almejando um impossível infinitamente próximo, desacreditando as certezas que vou construindo apenas pelo prazer de recomeçar a procurar? Talvez eu só não queira chegar... E o que é que isso tem de tão errado?
Para trás fica a mágica consciencialização do mundo, como que abrindo os olhos lentamente enquanto nos apercebemos do universo que nos rodeia, tocando os limites da vida, os extremos da felicidade e do desespero e, por fim, concluindo que na nossa existência humana há tanto de divino como de animal. Dói mudar de pele, ficar a ver os atropelos do dia-a-dia dilacerarem-nos a inocência, abandonar a redoma da infância para nos lançarmos num mundo que não nos pode prometer nenhuma segurança... Demora e dói estarmos em nós. E, por outro lado, é tão doce fundirmo-nos numa existência comum mas que para nós, a cada passo, tem o sabor deliciosamente atraente da novidade...
Só que agora as minhas tempestades serão sobre um chão firme. Agora quererei o curso, um carro, um emprego, uma relação... E se eu não...? Agora apetece-me virar tudo isso ao contrário e continuar à procura de mim! Apetece-me mudar, viajar, fugir.... Agora apetece-me correr e tropeçar e aprender novamente a cair. O meu caminho não está feito, não há passos para eu seguir e eu quero que ele seja à minha maneira. Por isso, deixem-me ser eu. E não me exijam nada, nem respostas, nem futuro, nem o horizonte que eu ainda não quero alcançar. Só se houver mais e mais e mais... Eu quero um pouco mais de adolescência, a inconsciência de não saber, o pecado irascível de querer, um caminho vasto para percorrer. Eu só quero ser eu, intrinsecamente eu e mais nada.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas é isso mesmo, minha Querida; "Ser Eu" é o maior tributo que podes prestar a ti mesma e aos outros, só quando somos "eu", somos honestos conosco e com os demais!
Suspeito até que perdemos a "criança" que há em nós sempre que atropelamos, humilhamos ou desistimos do "eu". Não tem nada de egoísta... embora os "crescidos", aqueles que nunca se interrogam porque têm a verdade universal como dom, possam pensar que sim!
Sabes, se calhar já te disseram que escreves bem :-)))), num já?!?!
Pois é, deixa-me fazer a caminhada contigo e espreitar os teus pensamentos sempre que o permitires...

Anónimo disse...

QUANDO ME AMEI DE VERDADE

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades. Hoje sei que isso é... Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Quando me amei de verdade, comecei a livrar-me de tudo que não fosse saudável ... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama... Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes. Descobri a... Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é... Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode atormentar-me e decepcionar-me. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela torna-se uma grande e valiosa aliada. Isso é.... Saber viver!!!

Charles Chaplin



"Não devemos ter medo dos confrontos... Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas."

Sandra disse...

Pois é linda...está quase=)!Sobre este assunto posso-te dizer que do pouco tempo que tenho desde que deixei de ser teen (lol) só tive mais dúvidas, mais questões e cada vez menos respostas!
Mas também acho que só começaremos a ser consideradas adultas se assim o quisermos!Não é por termos mais um ano que algo vai mudar, até porque não é de 1 dia para o outro que mudamos a nossa forma de ser, os nossos ideais!Aliás, se idade fosse sinal de maturidade ou de acrescentar algo à nossa forma de ser, não haveriam tantas pessoas mais velhas do que nós que são piores do que autênticas crianças (e, neste caso, não pelos melhores motivos) e pessoas mais novas a quem ninguém daria essa idade pela maturidade que têm!
Bem vou-me ficando por aqui...a frequência de teoria não me deixou nada bem lol!
Beijinhos grandes fofinha****

Anónimo disse...

Para Raul:

- Neste texto do Charles Chaplin está aquilo que considero a verdade da vida e de tão simples, é tremendamente difícil...
Obrigada por me dares a possibilidade de o conhecer!