segunda-feira, julho 30, 2007

Fotografar o mundo em mim



Escrevo, porque vivo
É álgebra elementar
Se não escrevesse,
Ainda haveria a minha respiração a embaciar o vidro
E sangue a dar-me corda ao coração
Era ver-me as mãos, descuidadas,
Cravarem-se na saia a cada solavanco de emoção
Tanto faz o sol como a noite mais escura,
E nem que chova ácido e as estações descarrilem,
A paisagem corre nos seus trilhos

[Sem romantismos,
Fantasias ou patéticas poesias]

À hora marcada, trepida e apita nos apeadeiros
E, no frémito das chegadas e partidas,
Embrutece-me o cinzel.

Mas se eu não escrevesse
Tu morrias comigo.

5 comentários:

happiness...moreorless disse...

=) lindo!

e essas ferias?
beijinho***

alguem disse...

Adorei, mesmo ^^
beijo **

Light disse...

De Mim para TI:

"Escrevo…

o sangue ruge na tempestade de densa sombra
na penumbra olham-me uns olhos sem moldura
e das entranhas despenha-se uma nascente de sangue
coágulo da madrugada
pássaro ferido tombado numa refulgente estrela
que se extingue nessa escarpa onde o abismo canta
garganta de neve incandescente que cobre a saliva
de uns lábios inchados
cobertos de sémen ausente doce vinho quente
idioma da carne profanada por um punhal de sobressalto
escrevo…


a semente do alvorecer do verbo
um livro de brilhantes margens onde correm as ninfas
na bruma dos templos e das acácias coroas de sábias pérolas
onde eternamente o esquecimento se torna pó


e do pó se libertam as palavras de marfim de sílabas de musgo
e os olhos incendeiam-se perante uns lábios que derramam
a maré


de linho
de cristais de conchas de búzios
de claridade de sombra
clara brisa de uma noite cheia de lua
cheia de pele e ferida no limiar de uma lâmina
aconchego dessa lava que te incendeia os seios
em desalinho
o nome apaga-se e fica o silêncio
de umas mãos vazias
e um rosto
que respira a espuma de uma flor no deserto
devorai o sangue coberto de pétalas de mandrágora
e açucenas e orquídeas frutos de ternura poções de beijos
acrobatas da vida poetas de secretas magnólias
que crescem nas estrelas
cadentes arautos desse húmus
que te preenche a agonia de uma loucura
errante…


escrevo um equinócio de azul
no sossego de um destino de corais derradeiros
escrevo um sopro de anémona inanimada
bordada nos dedos signos inóspitos de um sonho feroz
escrevo palavras de seda que devolvem a neblina ao poema
escrevo o poema de uma flor escrevo o láudano de uma noite
abrigada num ventre de mel

intenso o sangue que reveste as palavras
que escrevo…"



Que saudades deste canto que me eleva com palavras,faço-te a vénia porque a tua escrita é divinal...

Anónimo disse...

adorei a foto.

Um beijo*

Anónimo disse...

Mais uma vez lindo!

Se tu não escrevesses... não conheceriamos essa fotagrafia fantástica a 3 dimensões que fazes dos sentimentos.

beijo.