terça-feira, janeiro 16, 2007

Babel


Somos todos iguais, diz-se quase sem sentir. Iguais quando o desespero toca as cordas estridentes do medo, iguais nas lágrimas... A dor não tem cor... Somos todos iguais, mas sentimo-nos tão sozinhos sempre que uma rajada de impotência vem abanar-nos a fragilidade. Sentimo-nos no topo da torre de Babel e ninguém fala a nossa língua... Ainda não falamos a mesma língua... Porquê?
A política estará sempre um passo à frente do homem e o preconceito cega-nos o coração às palavras dos outros. Haverá sempre leis e burocratas, muros e correntes, monstros e moinhos de vento a separar-nos. Nunca falaremos a mesma língua. Nem quando o brilho das luzes ilude a escuridão da noite, nem se a música maquilhar o silêncio. Haverá sempre alguém no pico da solidão, alguém mergulhado no seu próprio abismo, onde não há dia nem som. E quantos de nós compreenderão? Quantos de nós não julgarão antes de estender a mão? Quantos de nós?
Babel fala de esperança. Somos todos desertos, impiedosos nos erros e nas críticas, áridos na ternura que partilhamos nas ruas, de um calor tão abrasador quanto infértil. Somos todos fontes a transbordar, capazes de nos arrepender e de chorar, assustados mas solidários, frutos imbérberes de um amor maior. Somos sol e chuva e, às vezes, é apenas um pequeno gesto os separa. A cada passo cruzamo-nos com vidas iguais à nossa e temos sempre a opção de tentar ver a água que nos pede o olhar que nos espreita da esquina. Podemos ser cactos, vestirmo-nos de espinhos para nos protegermos do mundo que nos esmaga, ferir indiscriminadamente. Mas então não deixaremos ninguém aproximar-se e, quando o desespero nos tocar a nós, não haverá quem compreenda os gritos silenciosos do nosso olhar. É sempre uma escolha nossa.
Não falamos a mesma língua, mas podemos entender-nos por gestos. Podemos nem nos entender. Basta um abraço, as lágrimas são todas iguais.

6 comentários:

Anónimo disse...

Na vida tudo é opção...nunca saberemos como seria a outra escolha. Temos de saber é que a nossa foi a melhor, porque a mais ponderada considerando os dados do momento. Somos Divinamente guiados e protegidos, mas a opção...essa, é sempre nossa. E quem me rodeia é sempre um igual...essa é a minha escolha (sei que lamentavelmente, por vezes, uns são "mais iguais" que outros, mas estou a trabalhar nisso!). Obrigada por partilhares o teu pensamento comigo sobre este assunto.

Anónimo disse...

nao ha nada que una mais duas pessoas do que a dor o sofrer juntos...lagrimas sao todas iguais dizes bem...que as pessoas se unam pelo amor pelos sorrisos pelas coisas boas que podem e deveriam dar todos os dias.o dever esta no ser bom e nao no sofrer...sê ainda melhor sê ainda mais feliz...miss you

TP * disse...

fiquei com mta vontade d ver o filme! * bjinho

alguem disse...

Lágrimas são todas iguais, podem é não acartarem o mesmo sentimento.
Kiss ***

Clara Mafalda disse...

excelente filme e à luz das tuas palavras, uma apetecível história e lição de união. Tal como o meu ser, tão pequeno, mas que tão grandiosamente se uniu à bonita pessoa que és.
beijinho qerida
*

Light disse...

Somos iguais sim,todos,com defeitos ou virtudes ....

S. deixo-te uma rosa hoje...