Fast food
Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa do sol e do prazer
Mas nunca aceitaste um convite
Tens medo de te dar
Não é teu o que queres vender
Não...
Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor...
Pois é, pois é
Há quem viva escondido
A vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer segunda-feira
Deixa-me rir
Nunca auscultaste esse engenho
De que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia
O choro e o riso
Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante
Pois é, pois é
Há quem viva escondido
A vida inteira
Domingo sabe de cor
O que dizer segunda-feira
Jorge Palma
É triste a nossa sociedade de plástico, onde trocámos o amor pela paixão e a paixão pelo desejo. É triste acharmos que os sentimentos se consomem num leito, deitarmos ao vento verdades que se esqueceram de acontecer, porque quem as diz não as sente e quem as ouve não quer acreditar nelas. É triste termos esquecido a intensidade dos beijos, termos fechado os nossos olhares sob a cortina dos medos e das mágoas. É triste deixarmos as horas a queimar numa apatia feita de nada, só porque desistimos de procurar. Despimos a vida de noite e dia, de choro e de riso. Para nos protegermos... Deixamos de viver.
Por isso, deixa-me rir. Tu não sabes o que é rasgar a alma e deixar o coração despedaçado na calçada. Tu não sabes qual é a cor dos dias quando todas as estrelas se apagam. Tu não sabes o que é querer alcançar o infinito e esbarrar contra os horizontes claustrofóbicos da realidade. Tu não sabes falar de amor...
Ousa respirar por detrás dessa tua máscara, ousa verter a transparência do teu sorriso nos lábios de alguém, por uma vez... Só por uma vez... Ousa seres tu, exigir amor em troca de amor. Ousa ter asas, estar sedento de ternura e verás que isso não é loucura. Ousa viver!
1 comentário:
Nunca gostei de Jorge Palma...mas o sentimento esse que transmites...chega a sentir-se doloroso!
Enviar um comentário